domingo, 17 de outubro de 2010

Reflexões Referentes ao Eixo VI

Neste Eixo VI gostaria de destacar as seguintes atividades reflexivas como aprendizagens:Entre 0s Muros da Escola nos permite a observação e reflexão referente ao comportamento de alunos que frequentam uma escola pública da periferia de Paris. Diferentes etnias, crenças e valores são postos em confronto e mediados por um professor que tenta fazer a diferença.O filme relata o panorama atual de desafios que os educadores encontram nas turmas das escolas públicas. Esse concentra-se, na sua grande maioria, em uma turma de 8 ano, mais precisamente nas aulas de Francês ministradas por François Marin.
Com esse contexto acima descrito, quero deter-me nas cenas das aulas de Francês em que o professor tenta ensinar esse idioma, na forma padronizada da língua, para alunos com culturas tão diversificadas. Escolhi essas porque trazem no decorrer das aulas uma síntese do universo da sala de aula que nos deparamos cotidianamente. François depara-se assim como nós professores com vários dilemas, pois na turma há diferentes etnias, situações familiares, valores. Diariamente, vivenciamos situações de conflito com as quais temos que aprender a lidar, na Interdisciplina de Psicologia aprendemos que podemos usar questões de moral e ética, de violência, física ou verbal, surgidas em sala de aula para levar os alunos a repensarem suas atitudes, pois na adolescência ainda estão construindo seus princípios morais. Contando com uma diversidade cultural e étnica o professor passa por várias situações constrangedoras com os alunos, que pouco interessados em aprender um conteúdo que não corresponde às histórias de seus países de origem, demonstram desinteresse e não compreensão das palavras que o mestre lhes quer ensinar. Percebo o professor inicialmente em um dilema grande: os seus valores morais e cognitivos não são os mesmos dos alunos e como vimos no texto Dilema do Antropólogo Francês é muito difícil interferir na cultura de indivíduos tão diferentes. Por isso , o professor deverá intervir mediando os conflitos, nem desvalorizando nem superestimando as atitudes dos alunos, visto que os valores vivenciados no dia-a-dia da escola, como cooperação, solidariedade e respeito, os mesmos levarão para a vida adulta..
Observo, também que dentro daquela diversidade étnica e cultural há muito preconceito manifestado pelos alunos.O aluno chinês sempre é tido como o mais sábio da turma enquanto um aluno negro sequer traz os materiais necessários para aula. Nesse contexto narrativo, ele apresenta um quadro de necessidades pedagógicas especiais temporárias, ou seja, apresenta dificuldades de adaptação escolar por manifestar comportamentos que tendem a prejudicar e por vezes inviabilizar as relações do aluno como um todo na comunidade escolar. Para atuar no foco do problema desse aluno o professor chama os seus familiares e esses lhes fornecem subsídios necessários para que o mesmo compreenda os motivos daquelas atitudes do aluno. Descobre que a mãe desse menino é analfabeta, pois não tem condições de lhe ajudar nos estudos e o professor verifica com isso a pouca valorização da importância de estudar na família. Lembrei-me do texto Em Busca de Uma ancestralidade Brasileira, no qual o autor Munducuru refere-se: “Pessoas vivem valores, fatalmente os filhos viverão e assumirão um comportamento mais adequado E quando os pais não os têm? Sobra para a instituição escolar.” François sente o quanto o seu papel como professor servirá de referencial para aquele aluno.
Com todos esses obstáculos descritos e outros que o limite da escrita não nos permite comentar, o método de ensino do professor de Francês é admirável: estimular o conhecimento do aluno e não apenas passar a lição de casa, dar ou tirar pontos e esperar o sinal tocar, como estudamos em Psicologia II, um ensino baseado na Pedagogia Diretiva. Tendo uma turma problemática, pobre e por vezes violenta o professor ministra os .seus ensinos tendo como base a Pedagogia Relacional, na qual visa construção do conhecimento pelo indivíduo através da interação desse com o objeto a ser conhecido, seja ele social, matemático, lingüístico como o caso do filme.
Contudo, neste semestre aprendi que devemos perceber a dimensão conflituosa e contraditória da escola. Na forma como o filme representa e como vimos na Interdisciplina Filosofia da Educação, na qual discutimos o papel da escola como formadora de cidadãos, a necessidade da construção de valores e do pensamento moral autônomo desde a mais tenra infância demonstra que a escola deve ser um lugar de entusiasmado para se ensinar, e aprender , onde todos participem. Só dessa forma é de fundamental importância repensarmos o papel desse instituição. Afinal, a tarefa da construção de uma escola democrática e, acima de tudo socialmente relevante, demanda uma análise que deve se alicerçar em uma postura histórica, crítica e de ação.

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