As interdisciplinas deste semestre provocaram reflexões acerca de conceitos que anteriormente me eram abstratos, por falta de experiência nas áreas, principalmente na Educação de Jovens e Adultos. Pensava que para trabalhar nessa modalidade de ensino seria necessário as mesmas metodologias usadas com as crianças, claro que sabia que algum diferencial teria, pois afinal eram adultos, faltava-me a complexidade que está envolvida nessa modalidade educacional. Após entender a partir dos estudos na interdisciplina EJA, que estes alunos são excluídos da relação escola sociedade, do direito à educação e cidadania e de condições dignas de trabalho e existência. Por esses motivos necessitam de currículos adequados, métodos e programas que compreendam a identidade, o pensamento e a linguagem do aluno dessa modalidade, para que aspectos como fracasso escolar, evasão, repetência e práticas de avaliação excludente não venham se repetir na vida dos educandos que nela se encontram.Quanto a questão cultural, ela é muito forte e presente nestes grupo, pois eles já trazem uma bagagem significativa de vivências e experiências que não podem ser negadas ou esquecidas pelo professor, mas sim, esse educador necessita reconhecer a história desse aluno para proporcionar-lhe a reflexão sobre si e sobre o mundo e com isso favorecer que ele construa, reformule ou reafirme as suas vivências através de uma relação dialética.
Outro ponto que identifiquei foi a relação entre a cultura e a produção de diferentes modos de funcionamento intelectual.E nesse aspecto estudamos no texto de Marta Kohl de Oliveira que há três formas de compreensão:
A) Etnocêntrica, determinista e evolucionista: que admite as diferenças, mas não lhes dá importância.Produz interpretações excludentes como:civilizado/primitivo, desenvolvido/atrasado, racional/primitivo, pré-lógico, mítico ou mágico.Essa abordagem coloca que esse sujeito apresenta falta de escolaridade e que carrega o modo de vida do seu grupo de origem.Justificando o fracasso na aprendizagem devido ao grupo cultural;
B) Negação das diferenças, porque visa processos psicológicos básicos relacionados a cada modo de vida.Assim o funcionamento cognitivo é uma expressão da mente humana para adaptar o sujeito ao seu meio cultural.
C) Teoria histórico cultural que recupera a importância da diferença como base da abordagem genética.Cada indivíduo nasce com as características da sua espécie e é informado e alimentado pelos artefatos fornecidos pelo seu grupo cultural.
Quanto a interdisciplina de Linguagem, os principais conceitos estudados foram o alfabetismo e o letramento como práticas culturais, pois diariamente às crianças são apresentadas uma variedade de artefatos culturais, muito antes de entrarem na escola e formalizarem seu processo de alfabetização. Dessa maneira, tanto um livro quanto uma bula, ou um outdoor,ou um jogo de vídeo-game e ou principalmente a TV se constituem artefatos culturais que alfabetizam e a escola precisa valorizar essa realidade que faz parte do contexto de vida das crianças. Também a importância da leitura e da escrita no dia-a-dia dos alunos, devendo estas estarem presentes em diferentes atividades em todos os níveis do ensino, compreendendo as suas especificidades , pois só assim poderemos estar proporcionando aos alunos o contato com estas atividades que possam estar carregadas de significados, através de um planejamento bem idealizado, que possa realmente estar relacionado ao letramento efetivo, sendo o desafio, formar praticantes de leitura e escrita e não apenas sujeitos capazes de decifrar o sistema de escrita, sem nenhuma criticidade.
Já em Didática, Planejamento e Avaliação destaco, principalmente, que o ato de planejar em si precisa aliar-se a uma fundamentação teórica, na qual represente os objetivos do mesmo e quais os princípios que serão necessários para aproximá-lo da teoria. E nesse intuito, traçar os caminhos que serão utilizados nesse processo. Nossas ações são baseadas nas nossas concepções de sociedade, de homem, de conhecimento, de educação e de cultura, que afetam diretamente o planejamento ,fazendo-se necessário um exercício constante de reflexão sobre o mesmo na escola. E além disso, devemos sempre levar em conta os interesses dos alunos e o que aquele tipo de trabalho influenciará na sua trajetória de vida.
Quanto a cultura surda aprendemos durante este semestre a importância da mesma, assim como podemos perceber em todas as disciplinas que a cultura é essencial na aprendizagem. Os surdos sofreram inúmeros preconceitos até conseguirem provar que são pessoas completamente capazes e que apenas possuem uma maneira diferente de se comunicarem, utilizando a língua de sinais, que é uma língua completa como qualquer outra e muito rica culturalmente. O filme Seu nome é Jonas, mostra muito claramente o preconceito sofrido por surdos e seus familiares por longos anos até que se pode começar a compreender a importância da comunicação através dos sinais, relaciono aqui ao filme O menino selvagem, pois nos dois casos as crianças precisavam compreender o mundo em que viviam e também se fazerem compreender e para isto a fala não era importante, mas a comunicação sim, e a cultura também, pois fazer parte de um grupo e adquirir vivências e experiências através deste é fundamental para a evolução do sujeito tanto afetiva como cognitivamente.
A Educação de Jovens e Adultos, Letramento e Alfabetismo, Planejamento, a LIBRAS juntamente com a Cultura Surda são elementos que permeiam nossa prática educativa, alguns diariamente, outros nem tanto, contudo devemos estar abertos para o novo, para as possibilidades de aprender e de aprender a ensinar cada vez melhor e com mais qualidade.
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