sábado, 4 de outubro de 2008

Conhecendo Freire



Ao reler os textos propostos para estudo sobre Paulo Freire, posso afirmar que sua obra traz o perfil ideal para o educador popular, que deve a todo instante estar aberto ao diálogo, a análise e a reconstrução do conhecimento livre de preconceitos sociais.

No seu livro Pedagogia da Autonomia, Freire procura mostrar as características fundamentais necessárias ao educador progressista, tendência libertadora, defendendo as finalidades sociopolíticas da educação. Ele questiona a realidade das relações do homem com a natureza e com os outros homens, visando uma transformação. Os conteúdos de ensino, são extraídos da problematização da prática de vida dos educandos. O importante não é a transmissão de conteúdos específicos, mas despertar uma nova forma de relação com a experiência vivida. A transmissão de conteúdos estruturados fora da realidade do educando é considerada uma invasão cultural, pois o saber deve emergir do saber popular. Freire aponta uma pedagogia de caráter político, que propõe como ponto de partida para a aprendizagem a problematização de situações, nas quais o professor e o aluno engajados ativamente pelo diálogo, tornam-se sujeitos do ato de aprender.

Fazendo reflexões da prática realizada nas escolas em que trabalho e trabalhei há 9 anos, percebo que a visão tradicional de ensino, embasado no sistema capitalista, não está com tanta firmeza como outrora. Nos últimos anos, muito tem se estudado nos encontros de formação sobre Freire e o seu método de ensino baseado nos temas geradores, principalmente nas escolas de periferia. Verifico, apenas, uma dificuldade do corpo docente em rebater a realidade de vida dos alunos que na maioria das vezes as situações ouvidas chocam, como aconteceu com o professor que ele menciona no livro, citado anteriormente, no qual uma família alimentou-se do seio amputado que haviam colocado no lixão próximo à favela. Alguns de nós e inclusive eu estamos nos preparando para esse tipo de educação que visa libertar através da consciência crítica. Ter uma visão freiriana para trabalhar com as classes populares é emergente e acredito que isso construirei ao longo da minha caminhada educativa. Não aprendemos ao longo da vida?





REFERÊNCIAS:

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à pratica educativa.São Paulo: Paz e Terra, 2001.

FREIRE, Paulo.Cartas. In Pedagogia da Indignação. Petrópolis:Vozes,1998.

2 comentários:

Suelen Assunção disse...

Renata querida!

No teu escrito posterior, sobre DURKHEIN, falou da função homogeneizadora da escola.

Neste momento, sobre FREIRE, colocas:
"A transmissão de conteúdos estruturados fora da realidade do educando é considerada uma invasão cultural, pois o saber deve emergir do saber popular."
Mas o saber científico, é um saber legitimado. Se o mesmo não for trabalhado na escola, estas crianças não o saberão. Como pensas nesta questão?

Como percebes, as diferenças existentes entre estes dois pensadores?
Deves perceber, com certeza, que eles não possuem os mesmos pressupostos teóricos, não é?
Beijão
Suelen - tutora da sede - Seminário Integrador V

Simone disse...

Renata a partir das idéias de Paulo Freire, procuraste pensar a tua própria prática! Esta foi a idéia da atividade ECS1, que pudéssemos refletir a partir da leitura dos materiais. Paulo Freire diz que "ensinar é criar possibilidades para a construção do conhecimento." O professor é um mediador, a quem cabe a tarefa de incentivar e despertar a curiosidade natural dos alunos, para que possam continuar aprendendo com prazer ao longo da vida! Já pensaste de que forma estás criando possibilidades para a construção do conhecimento de teus alunos? Um abraço, Simone - Tutora sede ECS